Olá, prazer!

Sou a Ale Franciss, fundadora da Alegratta. Faz alguns anos que venho questionando o meu propósito de vida. Nessa busca interna por respostas cheguei à conclusão que o que eu gosto mesmo é de pessoas. Deve ser por isso que o meu nome significa “defensora da espécie humana”. Coincidência ou não estudei Relações Internacionais e o destino me levou em 2011 para o mundo corporativo onde trabalhei no RH, no Marketing e Vendas. Percebi que tenho dedicado boa parte da minha vida entendendo, ajudando e me relacionando com pessoas.

2020 foi o ano que mudou a vida de todos, inclusive a minha. Fazia 1 mês que tinha mudado de cidade quando a pandemia começou. Tinha deixado o meu trabalho para acompanhar o meu marido. Aquele tinha se tornado um ano de muitas incertezas onde me encontrei longe da minha família e amigos, desempregada, numa cidade nova, sem poder sair de casa e temendo pela saúde de todos.

Comecei a pensar no que gostaria de fazer nessa nova realidade. Foi aí que dei foco ao meu sonho de ser mãe. Fato que o mundo estava do avesso, mas eu tinha tempo. Aproveitei esse privilégio e engravidei. Antes mesmo de estar grávida devorei conteúdos de maternidade. Tinha até uma listinha dos profissionais que gostaria que me acompanhassem na gestação e no parto. Quando engravidei baixei o app das semanas da gestação, escolhi a minha obstetra, doula, fisioterapeuta pélvica, consultora de amamentação e nutricionista. Estudei tudo sobre o período gestacional, o parto e o primeiro ano do bebê. Me sentia uma verdadeira PHD da maternidade antes mesmo de ser mãe.

Tinha muita vontade de falar com amigas sobre esse tema. Só tinha um problema. Eu não tinha muitas amigas próximas que já haviam se tornado mães. Não tinha com quem trocar experiências.

Após 41 semanas e 3 dias o meu filho nasceu. Foi o dia mais especial da minha vida. Os dias seguintes? Os mais intensos que já vivi. O tal do puerpério havia chegado com tudo. O meu corpo não parecia o meu corpo e literalmente havia muita coisa fora dor lugar. Os dias se tornaram noite e as noites se tornaram dia. Estava ali dando o meu melhor para aprender a amamentar, enquanto aprendia a cuidar do Leo e tentava entender o que estava acontecendo comigo.

Simplesmente não estava preparada para o tal do resguardo. Entre mamadas aproveitei os momentos de silencio para refletir sobre isso. Havia estudado tanto sobre outros aspectos da maternidade, contratei profissionais incríveis – fundamentais durante a gestação, preparação para o parto, e sucesso da amamentação - mas conhecia muito pouco sobre a vida no pós-parto.

Porque não sabia que o sangramento do pós-parto poderia durar até 10 semanas? E sobre a ardência ao fazer xixi? A constipação? Hemorroidas? Ressecamento vaginal, entre outros? O que era ou não normal? Vivi um puerpério muito reativo, onde primeiro sentia para depois descobrir o que estava acontecendo. Naveguei pelo puerpério sendo uma mulher privilegiada com acesso quase que em tempo real a bons profissionais. Se estava sendo difícil para mim, imagina para outras mulheres?

Os aspectos emocionais são um capítulo à parte. Havia lido um pouco sobre depressão pós-parto e baby blues, mas e sobre a solidão das noites em claro? E a sensação de perder-se em si mesma? A dificuldade de não me reconhecer no espelho?

Mesmo longe e distante do meu ninho, não posso reclamar da minha rede de apoio. As pessoas ao meu redor estavam dando o seu melhor para me acolher nesse momento. O meu marido foi um grande parceiro e sempre foi um super pai para o Leo. Acabei num grupo de mães onde algumas delas não sabiam nada, e outras sabiam tanto quanto eu sobre esta fase da vida. Realizei que o puerpério era uma incógnita para mais mulheres.

Durante a gestação vi muitos relatos de parto, mas e os relatos de puerpério? Porque nós mulheres não falamos mais abertamente sobre este momento de vida? Se enchemos a boca para falar dos nossos filhos e de como sobrevivemos ao parto, porque não falar também sobre como vivenciamos o puerpério?

Pensei na minha amiga que anos antes havia sido a primeira do seu ciclo em se tornar mãe. Me culpei por não ter sido mais presente na maternidade dela. Senti muito por não ter podido ajudá-la no passado. Afinal, eu não tinha filhos e o puerpério não fez parte das minhas aulas de biologia da escola. No meu subconsciente minha referência de maternidade e pós-parto tinha sido construída com as mulheres das novelas de época.

Me prometi nunca mais deixar uma amiga grávida sem informações, acolhimento físico e emocional no pós-parto. Queria ser uma fonte de troca e não queria que se sentisse sozinha nessa jornada como me senti. Anotei todas as dicas e truques de sucesso que havia aprendido. Sabia que seriam úteis para o futuro.

Alguns meses se passaram e a minha prima engravidou. Senti que era hora de cumprir com a minha própria promessa. Queria estar presente, mesmo estando longe. Queria que ela estivesse bem para cuidar do seu maior bem. Queria que ela soubesse que enquanto ela só tinha olhos para o seu bebê, eu estava olhando por ela. Queria transformar a maternidade dela. Queria celebrar o que apenas corpos femininos são capazes de fazer. Assim surgiu o primeiro kit com itens essenciais para o conforto e recuperação plena da mulher na gestação e no pós-parto.

Da minha paixão por pessoas, conhecimento e experiências, do desejo de trocar e ser rede de apoio para mulheres nasceu a Alegratta. Uma curadoria de itens em formato de presente. São soluções para problemas reais, para que juntas possamos deixar o maternar de todas mais leve, suave e ainda mais alegre. Presentes com propósito, únicos, úteis e inesquecíveis. Além do afeto. 

Ale Franciss

ALEGRATTA